JOÃO ROSA CARVALHO, CEO DA PAGAQUI, CONSIDERA
Pagamentos físicos ainda têm um peso considerável.
A Pagaqui pretende dar uma resposta eficaz a um público mais diversificado. A sua aquisição por parte da Eupago tem como vantagens a obtenção de sinergias e o aumento da competitividade no mercado dos pagamentos em Portugal. “Os pagamentos físicos continuam a desempenhar um importante papel, especialmente em comunidades rurais” - adiantou em entrevista à “Vida Económica” João Rosa Carvalho, CEO da Pagaqui.
Vida Económica - Como opera a Pagaqui no mercado?
João Rosa Carvalho - A Pagaqui é uma empresa de proximidade, feita por pessoas e para pessoas, que disponibiliza um portfólio de produtos e serviços que vão ao encontro das necessidades básicas dos cidadãos. Opera no mercado português, através de uma rede de retalhistas e pontos de venda distribuídos pelo país, somando hoje cerca de 2500 pontos de venda.
VE - Qual o impacto da integração da Pagaqui na estratégia da Eupago e no mercado de pagamentos em Portugal?
JRC - A aquisição da Pagaqui por parte da Eupago vem fortalecer e aumentar o portfólio de serviços do grupo, ampliando a oferta de soluções de pagamento, a nível físico e digital. Isto permite-nos dar resposta a um público mais diversificado, não esquecendo os consumidores que apresentam um baixo nível de literacia financeira e que privilegiam os pagamentos físicos. Para além da inclusão, esta fusão cria sinergias que podem influenciar, de forma positiva, a competitividade no mercado dos pagamentos em Portugal, o que torna as soluções mais acessíveis e integradas.
VE - Qual o papel dos pagamentos físicos no contexto atual, especialmente num mundo cada vez mais digital?
JRC - O digital veio para ficar. ContuGrupo do, apesar da crescente digitalização, os pagamentos físicos continuam a desempenhar um papel fundamental, especialmente em comunidades rurais com acesso limitado à tecnologia. Nessas localidades, muitas instituições encerraram as suas atividades e deixaram de oferecer suporte a pagamentos de serviços ou impostos, o que impede o acesso a ações simples, como carregar passes ou telemóveis. Além disso, ainda há muitas pessoas que valorizam a proximidade e o contacto humano e mantêm rotinas bem definidas em relação à forma de pagamento e outras atividades não bancarizadas. Essas pessoas recorrem aos nossos serviços para realizar essas tarefas e efetuar o pagamento de serviços, entre outros. Saber que é possível contar e confiar em alguém próximo ou que está fisicamente presente, continua a ser altamente valorizado tanto pelas gerações mais antigas, quanto por diversas comunidades imigrantes. Crescimento das soluções híbridas
VE - Existe um efetivo crescimento de soluções híbridas, que combinam pagamentos físicos e digitais?
JRC - Sim, a tendência é que as soluções híbridas venham a aumentar. Já existem plataformas que integram pagamentos em pontos de venda físicos com tecnologias digitais, como QR codes ou links de pagamento. A nossa aplicação é um exemplo disso.
VE - Qual o comportamento dos consumidores e das empresas face a pagamentos em dinheiro e às tendências de digitalização no ponto de venda?
JRC - Atualmente, as gerações jovens utilizam, cada vez mais, métodos de pagamento digitais, como cartões contactless, MBWay e carteiras digitais. No entanto, ainda existem muitos consumidores e pequenos comerciantes que preferem pagamentos em dinheiro, principalmente para valores menores. Diria que nos estamos a adaptar ao melhor dos dois mundos e a trabalhar para inovar nas ditas soluções híbridas.
VE - Qual a importância das soluções locais de pagamento no suporte a pequenos negócios e economias regionais?
JRC - Os serviços com soluções integradas, como as oferecidas pela Pagaqui, são muito importantes para os pequenos negócios e economias regionais. Estamos, não só a facilitar os pagamentos em localidades com limitações de soluções bancárias tradicionais, mas também a expandir o portfólio de produtos e serviços dos retalhistas, que ainda beneficiam de uma remuneração por cada serviço disponibilizado / vendido.
VE - Como é feita a adesão ao Pagaqui e quais os custos envolvidos?
JRC - A adesão à Pagaqui é muito simples e sem custos, basta preencher o formulário através do nosso site ou contactar, diretamente, a nossa equipa de suporte para mais informações. E feita uma avaliação de risco dos retalhistas e é com eles contratualizada a modalidade da parceria. Fundada em 2012, a Pagaqui é uma empresa de direito português com uma ampla gama de serviços. Facilita transações diversas, incluindo pagamentos de serviços, carregamentos de telemóveis, aquisição de seguros, sempre na perspetiva de oferecer soluções práticas e seguras. Representa uma referência para pagamentos e carregamentos em Portugal. A fintech continua a expandir a sua rede de pontos de venda, permitindo a qualquer negócio tornar-se um ponto de venda, contribuindo para o crescimento económico local. Posiciona-se como uma ponte entre a tecnologia e a comunidade. Pretende garantir que todos os segmentos da população, especialmente aqueles menos familiarizados com a tecnologia, tenham acesso a serviços financeiros fundamentais. Visa contrariar a tendência de digitalização exclusiva, promovendo a inclusão financeira.
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Vida Económica
2025-01-16